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Uma confraria de homens que se reúnem na Internet para derrubar aviões de guerra  
Na primeira vez em que três dos integrantes do Esquadrão Brasil - associação de usuários nacionais do simulador de vôo F-22 Raptor- estiveram reunidos pessoalmente, mal houve tempo para apresentações. "Onde você comprou este joystick?", perguntou Rodrigo da Costa Coelho, de 22 anos, técnico de informática e um dos mais novos integrantes da confraria, que já reúne cerca de 150 pilotos virtuais em todo o país. "Quer saber como faço para derrubar aquele cara ali?", indagou o analista de sistemas Luís Otávio Machado, de 29 anos, um dos líderes nacionais do esquadrão, apontando para um avião de combate na tela do seu computador, conectado à Internet.

Luís Otávio, Rodrigo e mais Hadi Habib, gerente de sistemas de um grande hotel do Rio, aproveitaram o horário de almoço e posaram para esta foto do caderninho. O assunto era, claro, o simulador de vôo que está tomando quase todo o tempo livre desses homens muito ocupados.

- Era para ser apenas um hobby, mas acabou tornando-se um vício - confessa, sem a menor sombra de culpa, Luís Otávio, conhecido no esquadrão pelo apelido de "corvo".

Há seis meses, logo que comprou o jogo, lançado há menos de um ano, Luís Otávio conheceu a home page do fabricante, a Novalogic, empresa americana que mantém um provedor disponível para jogadores do mundo todo.

- Jogar só contra o computador não tem graça; em pouco tempo conhecemos a programação e não há mais desafios - comenta ele, que joga todo dia.

Num desses combates virtuais com outros jogadores, Luís Otávio tomou contato com mais dois brasileiros, um do Paraná e outro de Minas Gerais. Foi aí que começou a nascer o Esquadrão Brasil, que criou um host num provedor nacional. Todo dia, chegam dois ou três novos membros. Muitos são pessoas como Hadi Habib, que até pouco tempo atrás só tinha jogado gamão na rede.

- Depois de um certo tempo, comecei a achar gamão muito chato - lembra ele. - O bom do F-22 Raptor é que o jogo está sempre mudando: trocam-se os cenários e os jogadores todo o tempo - afirma Hadi Habib, "Curumim" para os colegas de esquadrão.

Outra vantagem, na opinião dele, é a possibilidade de acabar uma partida em dez minutos:

- A gente não fica preso; pode fazer outras coisas.

Mas há quem fique bem mais tempo. Como Luís Otávio, que se gaba de ter um dos maiores tempos de permanência no ar entre os membros do esquadrão: já ficou 11 horas conectado.

Mas isso foi num dia de folga, já que em geral Luís Otávio joga em casa, quando chega do trabalho. Ele diz que a maior parte dos membros do Esquadrão Brasil tem mais de 20 anos e trabalha. Mas há crianças também, como o filho de Habib.

- É uma maneira de ele passar mais tempo comigo - diz.

Luís Otávio reconhece que a família muitas vezes é deixada de lado. Se as crianças acabam aderindo, o mesmo não acontece com as mulheres:

- Algumas delas ficam chateadas com o tempo que os maridos passam com o micro - afirma. - Mas elas também são bem-vindas no esquadrão - completa, lembrando que, por enquanto, não há nenhuma mulher cadastrada.

Se o hábito de jogar afasta um pouco os aficionados da família, por outro ajuda a fazer amizades. Luís Otávio já perdeu a conta das vezes que resolveu problemas de trabalho recorrendo a seus amigos virtuais.

- É ótimo ter a impressão de que você está combatendo com alguém que está do seu lado - diz Habib, que mata as saudades de um primo que mora no Líbano encontrando-se com ele na Internet para jogar.

Para incentivar a participação de mais jogadores no esquadrão nacional, os membros mais antigos resolveram distribuir patentes (à medida que os novos associados vão melhorando sua performance). Também criaram um campeonato, já nas finais. Desse torneio nacional, sairá uma seleção para representar o Brasil nos campeonatos internacionais. No momento, dedicam-se também à procura de um novo provedor para criar mais um host. Desta vez, com apoio da Brasoft, distribuidora do game. Outras informações sobre o esquadrão pelo e-mail <xte@easynet.com.br>.

 

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